domingo, 25 de janeiro de 2009

Woody Allen

Há um tempinho eu fui ao cinema ver Vicky Cristina Barcelona. É um filme ótimo, com atores ótimos, recomendo que assistam. Conta a história de como uma viagem a Barcelona (e o encontro com um homem por lá) mudou a vida de Vicky e de Cristina, e suas visões a respeito do amor e dos relacionamentos - ou não. O filme é leve e divertido, e claro que grande parte disso se deve ao papel de Penélope Cruz, que recebeu elogios muito merecidos de todas as críticas que vi a respeito do filme. Enfim, assistam que vale a pena.
Mas, como eu disse, vi o filme deve fazer um mês, mais ou menos na época da estréia, mas não escrevi nada aqui. E não foi pelo meu gosto estranho de fazer resenhas de filmes velhos, ou que todo mundo já viu, como eu fiz com Sweeney Todd; é que esse filme me ajudou a desfazer um velho preconceito que eu tinha contra o Woody Allen, e eu pretendia fazer uma mega resenha falando de vários filmes dele.
Claro que, como todas as minhas idéias megalomaníacas de posts absurdos, não deu muito certo. Mas voltemos ao que deu certo. O primeiro filme do Woody Allen que eu vi foi O Escorpião de Jade, um filme bobinho, mas engraçadinho. Mas a maioria das pessoas que eu conhecia diziam que ele era um chato, todos os seus filmes eram chatos ou o odiavam por seus escândalos amorosos (convenhamos que largar a esposa para se casar com a filha - mesmo adotiva - dela não é algo muito aceitável socialmente, pra dizer o mínimo).

Match Point

Mas aí veio o Match Point, um filme brilhante, na minha opinião. Inteligente, forte, criativo, (des)humano, cheio de reviravoltas.
Depois desse, nem Melinda e Melinda nem Scoop chamaram minha atenção, e acabei nem assistindo.

Vicky Cristina Barcelona

E Vicky Cristina Barcelona não me levou ao cinema por muito mais do que uma crítica favorável e uma simples vontade de ir ao cinema (era ou esse, ou 'Queime Depois de Ler', que estava passando em tudo que era cinema).
O filme me surpreendeu, e eu resolvi que gostava, sim, do Woody Allen, e que ia alugar uma porção de filmes dele pra escrever um post sobre seu trabalho. Fui querendo pegar "Dirigindo no Escuro", mas estava locado e acabei levando "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa". Não que o título tivesse me chamado a atenção, a não ser por ser um desses claros exemplos de como os tradutores brasileiros vão muito além de seu trabalho de traduzir ou, no máximo, adaptar, e põem pra trabalhar toda sua veia artística e criativa - afinal, quem iria alugar um filme chamado "Annie Hall" se podemos transgredir totalmente a intenção do autor e dar o título mais idiota que nos vem à mente?
Acontece que quando eu terminei de ver o filme, percebi que seria uma bobagem alugar uma porrada de filmes do Woody Allen e assistir de uma vez, como se fosse Star Wars. Enquanto a maioria dos filmes se limita a seus 90 a 120 minutos e algum comentário posterior, esse era um filme pra ser lembrado, percebido, apreciado, desses que continuam na sua cabeça por horas ou até dias depois que você terminou de ver. Match Point, por exemplo, teve esse efeito em mim; e Annie Hall também.
Neste filme de 1977 conhecemos o atribulado relacionamento de Alvy Singer (Allen), um comediante pessimista que faz análise há 15 anos, e Annie Hall (Diane Keaton), uma cantora jovem e quase tão complicada quanto ele. No começo do filme, após um brilhante monólogo com o espectador, Singer nos conta que eles terminaram, e o restante do filme passa por seus desencontros e paixões, passeios e cursos, discussões e lagostas. Um roteiro digno de uma comédia romântica dessas com o Ben Affleck ou a Meg Ryan, não fossem os diálogos fantásticos e certas cenas deliciosas, como a do jovem Alvy na escola, a da fila do cinema ou a famosa cena em que ele pede a Annie para não fumar maconha antes de transar.
Annie Hall

O resultado é um filme bem acima da média, que rendeu uma porção de oscars - inclusive o de melhor filme - e que proporciona ao espectador algumas boas risadas, outras reflexões pessimistas e uma visão leve e bem-humorada, mas que ainda assim não deixa de ser amarga da vida e dos relacionamentos.
O desfecho salva o filme da idéia de comédia romântica de que o "viveram felizes para sempre" está ligado ao fato de o mocinho e a mocinha ficarem juntos no final - o que é condizente com um personagem que se apresenta com esse texto:

sábado, 3 de janeiro de 2009

Crepúsculo - o filme


Já dava pra ver que tipo de filme era Crepúsculo pelo tipo de pessoas que estavam na sala para assisti-lo. Não fui na época em que lançou, então não pude comprovar que deviam ser essencialmente as mesmas pessoas que foram ver High School Musical 3 por uma questão de amostragem - a sala estava meio vazia, às vésperas do ano novo, em uma das raras sessões legendadas. Mas ainda assim dava pra sentir que a média de idade devia ser uns 15 anos, e que os cromossomos Y eram raros.
Fiquei com vontade de ver o filme no dia seguinte que li o livro, mais por curiosidade do que por qualquer outra razão. E também porque eu queria escrever um post só, falando dos dois. Mas não rolou, e nem rolou escrever esse segundo post no feriado.
Na verdade não há muito o que falar sobre o filme, pois como eu disse post passado, a história do livro é bem bobinha, e o que valorizei nele é a narrativa e como ela é capaz de te puxar para o mundo do livro totalmente. Claro que, despido dessa capacidade como é um filme, impessoal, distante e, invariavelmente, em terceira pessoa, acaba sobrando só a história bobinha.
Mas concordo com uma das resenhas do IMDB, que dizia que conseguiram fazer algo razoável, provavelmente o melhor possível, considerando o material que tinham em mãos. Realmente, foram capazes de, gastando pouco - já que todos os atores são estreantes ou muito estreantes - , faturar alto, pois a bilheteria de Twilight nos EUA superou Indiana Jones 4 e 007 - Quantum of Solace. Claro que grande parte disso se deve ao sucesso absoluto do livro por lá, o que há alguns anos significa segurança de igual sucesso nas bilheterias (tanto que já estão filmando a sequência, Lua Nova), e outra parte se deve ao entusiástico público adolescente do livro, porque afinal não imagino um monte de adultos lotando umas 10 salas em uma pré-estreia dessas à meia-noite de um filme como O Caçador de Pipas. É um público previsível, e, consequentemente, certeiro. (perceberam o consequentemente sem trema e o estreia sem acento?? é, estou tentando me adaptar às novas regras, fazer o que! ^__^)



Voltando ao filme, o enredo é exatamente aquele que eu dei do livro. É um filme de sessão da tarde, bem feitinho, com efeitos bacanas. Não é um filme bom, mas também não é jogar dinheiro fora. Uma vantagem bacana é que o livro tem um pouco mais de ação que o livro, porque confesso que apesar do que eu disse falando bem do livro, acho um pecado um livro sobre vampiros que nos prive da pancadaria. Quando cheguei nas últimas 100 páginas, achei que estava começando ali, embora tardiamente, a ação. Mas o clima só ganhou uma dose de tensão e suspense, e quando chegou a hora da luta do final, a mocinha não viu, e como é um livro em primeira pessoa - e aí está uma grande desvantagem- , nós também não.
No filme falta também uma dose de violência um pouco mais intensa, mas quando seu público-alvo não permite que a classificação etária suba acima dos 12 anos, não imagino muito o que fazer. O mesmo acontece com a sensualidade, que é relativamente bem fraquinha no livro, pra que pais horrorizados não proíbam suas filhinhas inocentes de acompanhar a série.
Apesar de isso não ser muito condizente com a temática de vampiros em si, e com a relação muito clara entre beber sangue e fazer sexo (o desejo incontrolável, a troca de fluidos corporais, a dominação...), que também aparece de certa forma no livro. Afinal, o desejo de Edward quando vê Bella é, de fato, comê-la - e fica claro que em ambos os sentidos, e justamente pela proximidade entre esses dois instintos que ele parece evitar um contato sensual exagerado. Isso é coerente com o mundo adolescente, e apesar do que o cinema muitas vezes nos mostra, as pessoas nem sempre saem por aí transando enlouquecidamente.
Mas uma outra vantagem boa do filme, vocês devem ter reparado já na primeira foto - é um filme que faz muito bem aos olhos pelo elenco eminentemente bonito. Admito que Robert Pattinson (o Cedrico Diggory, de Harry Potter e o Cálice de Fogo), apesar de não ser tão lindo e perfeito quanto o Edward da minha cabeça, chegou bem perto... assim como seus irmãos, principalmente Jasper e Alice, e o pai, dr. Cullen, que também são muito lindos.
Por outro lado, a mocinha (Kirsten Stewart, de O Quarto do Pânico) parece realmente sem graça perto deles, e é bem esquisito vê-la, como eu já disse, em terceira pessoa. Dá quase ciúmes ver alguém usurpando o seu lugar na tela, do lado do mocinho...
Como os atores não são famosos, os personagens são:
Emmet, Rosalie, Esme, Edward, Carlisle, Alice e Jasper


E sempre há a grande desvantagem em relação ao livro - o filme é muito curto. Por mais que seja fiel, e pegue as partes mais importantes e etc, você passa muito pouco tempo e muito poucas situações ao lado dos personagens; por mais que se leia rápido (eu levei cerca de 8h pra ler Crepúsculo) o tempo de filme é comparativamente muito menor, e quando trata-se de um livro sobre apaixonar-se, isso acaba fazendo com que o sentimento pareça mais falso ou forçado, e o limite de tempo não permite as dúvidas, negativas ou hesitações tão numerosas no livro. Talvez quem não tenha lido não repare nisso, mas provavelmente não achará nenhum atrativo em Edward que seja muito maior que a sua beleza - o que não deve ser o caso em um livro sem figuras.
Enfim, a conclusão é essa; se você está esperando um filme de vampiros, desfaça-se dos pressupostos que um filme desse carrega, e pode levar a irmãzinha, o sobrinho, a vó ou quem quer que seja pra ver sem medo, porque os níveis de sexo e violência ficam abaixo de qulquer desenho animado da Disney. Se você não gosta de gastar dinheiro no cinema pra ver filme tipo sessão da tarde, espere sair o dvd e baixe o torrent. Se você é uma menina romântica, vá ver - na verdade, se você for uma menina que gosta de ver meninos bonitos, vá ver.