terça-feira, 23 de setembro de 2008

Classificação: [Deus me] Livre

Uma coisa que me incomodava desde antes de eu ter a primeira faixa etária de restrição de um filme (que antigamente era 12 anos) era a existência desse classificação. Em casa, claro, isso acaba não fazendo muita diferença; se os meus pais me deixavam ficar na sala vendo um filme e ele me interessasse, ótimo; senão eu ia fazer outra coisa.Não faz muito tempo que é obrigatório aparecer a classificação na tela embaixo de todos os programas de tevê, mas no cinema a coisa pega mais, e lembro que a lei já mudou várias vezes.

Quando eu tinha uns 11 anos fui ver A Bruxa de Blair com as minhas amigas da mesma idade (a classificação era 14a) e todo mundo entrou de boa - o que é lamentável, preferia ter ficado do lado de fora, considerando aquele lixo de filme. Algum tempo depois, pude entrar em Fim dos Dias só acompanhada da minha tia, que era um adulto maior de idade. Dali a algum tempo, tiraram a mim, minha irmã e a mesma tia da sala de As Panteras, isso mesmo, tiraram a gente no meio do filme, porque a minha irmã tinha só 10 ou 11 anos, o que é evidentemente uma idade muito jovem para assistir a um filme de tal complexidade e ainda com cenas tão pesadas de violência e sexo; onde estávamos com a cabeça de querer corrompê-la dessa maneira?! Sorte que trocaram os nossos ingressos para vermos o maravilhoso 102 Dálmatas! Irônico, porque uma semana antes tínhamos ido as três ver o primeiro "Todo mundo em pânico".

A classificação indicativa é feita, no Brasil, pelo “Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação” do Ministério da Justiça. Segundo eles, pessoas treinadas fazem um processo incrivelmente bom de seleção para preservar a nossa amada família feliz e pura, protegendo-a das perversões televisivas/ cinematográficas/ videogueimescas que possam tentar aliciar nossos filhos por um caminho de perdição.

Não acho ruim que os pais possam ter uma noção de que conteúdo gostaria que seus filhos pequenos assistam, ou que haja um horário apropriado para cada tipo de programação. É legal podermos escolher, pelo conteúdo, se queremos que alguém veja, se nós mesmos queremos ver ou ao lado de quem queremos ver.

Só que eu lembro que muita gente fala que tal filme tem censura 14a e não "classificação indicativa". Talvez por uma lembrança remota da época em que a tal censura era muito comum, mas há uma certa razão considerando que classificar o que você pode ou não ver não deixa de ser, afinal, censura.

Acho totalmente retardado que filmes com classificação 12 ou 14 anos sejam restritivos, e não só indicativos. Deveria haver uma explicação dos motivos da classificação etária, talvez até com uma descrição das cenas que a motivaram, como tem no imdb. Aí a pessoa resolve se quer ou não ver o filme, sendo ela menor do que a classificação etária. Ou talvez permitir que pessoas com 2 ou 3 anos abaixo da indicação entrem no filme, menores que isso só com autorização dos pais. Teve uma época em que acompanhadas dos pais, os menores de qualquer classificação etária exceto 18 anos podiam entrar. Faz um certo sentido, mas ainda acho que a restrição total de 18 anos é exagerada pra muitos filmes, e talvez devesse valer só pra filmes realmente pornográficos (que é a razão pela qual imagino que foi feita a exceção). Acho que sou conservadora o suficiente pra imaginar que não faz nenhum sentido você ir acompanhado de seus pais ver o novo sucesso da Emanuelle (argh).

Sei que o Estatuto da Criança e do Adolescente quer que os menores sejam protegidos, mas acho que, em primeiro lugar, cumpre aos pais algo nesse papel, e em segundo lugar, o serviço não está sendo feito muito direito.

Na verdade, eu tenho a sensação de que pessoas mal treinadas usando conceitos hipócritas levam a classificações inadequadas, ou mesmo ridículas. Não entendo, por exemplo, o fato de Harry Potter 4 ser 12 anos. Oh, ele é mais violento que os outros, ok, mas é um filme de criança! O lobo come a vó da chapeuzinho, e o caçador não menos sanguinário atira no bicho e abre sua barriga, então só vamos contar a historinha pros nossos filhos quando começarem a aparecer espinhas na cara deles. Algum nível de violência faz parte, é intrínseco da relação maniqueísta que está nas historinhas infantis. Por outro lado, vamos dar uma olhadinha nesses dois exemplos de filmes 14 anos: Closer - Perto Demais e Priscila, a Rainha do Deserto. O primeiro é um filme sobre relações amorosas, essencialmente fala de sexo, com diálogos de caráter sexual não muito fortes, mas provavelmente suficientes pra você desejar que a sua mãe não esteja na sala. O segundo é uma comédia sobre um grupo de travestis que viaja em um ônibus fazendo shows, e que tem alguma referência a uso de drogas, que eu me lembre. Minha vó tinha o VHS e eu assisti milhares de vezes quando era criança, com a família toda, porque adorava o filme.

Ué, mas será que só eu fiquei com a impressão que há um abismo entre as impropriedades dos dois filmes que, no entanto, receberam a mesma classificação? Ah, mas você não vai querer que o seu filho assista a um filme de travestis, não é mesmo? O fato de O Segredo de Brokeback Mountain ter recebido classificação 16 anos contraria o meu bom-senso que me diz que qualquer idiota vê que as cenas de insinuação sexual ou violência lhe renderiam no máximo um 14 anos, mas ainda assim o ministério nos diz que a presença de homossexualidade não aumenta a classificação indicativa de um programa, muito pelo contrário, a diversidade é estimulada e qualquer forma de preconceito é condenável por lei. Aham.

Então é isso, eu acho que seria ótimo ter uma classificação que me ajudasse a escolher o que eu quero ver ou o que eu acho que os meus filhos (ou a minha mãe) devem assistir, mas não quero para tal me basear em decisões tendenciosas que uns idiotas têm por aí. Não consigo me conformar que as criancinhas tenham que esperar Harry Potter sair na locadora enquanto assistem a Os Simpsons na TV Globinho. No site do Ministério da Justiça tem um novo espaço pra você procurar o nome de um filme num bando de dados, ver a classificação indicativa, o porquê dela e concordar ou discordar. Não sei se vai fazer alguma diferença, mas estou me divertindo xingando as classificações que acho ruins.

No fim das contas a solução pros pais preocupados é simples; no fundo no fundo as crianças deviam ver só TV Cultura, que são os caras em cujo bom-senso eu confio, mesmo porque eu lembro que as roupas que a Xuxa e a Eliana usavam não eram muito cristãs (claro, pro papai não mudar de canal).

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Ensaio Sobre a Cegueira


A sensação como saímos do cinema deve ser capaz de dizer algo sobre o filme que acabamos de ver. Os últimos filmes a que assisti e de que me lembro foram Batman - Cavaleiro das Trevas, que me fez sair da sala com uma sensação de frio na barriga igual àquela de quando fecham a sua trava no Evolution, e Juno, que me fez sair com um sorriso meio bobo e vontade de ouvir música ruim.
A sensação que tive sábado ao terminar de ver Ensaio Sobre a Cegueira está me acompanhando até agora, mas muito mais difícil de determinar. Saí com vontade de chorar, mas não de tristeza ou comoção, mas daquele choro amargo de raiva de si mesmo, de desespero, de culpa. Sinto que o filme entrou em mim e lembranças e pensamentos ao seu respeito aparecem na minha cabeça de vez em quando e atrasaram o meu sono à noite. Saí com a sensação de que preciso ver o filme de novo, quase compulsivamente, e que ao mesmo tempo posso assisitr quantas vezes for e vou continuar igualmente cega.
Infelizmente ainda não li o livro que deu o Nobel a Saramago, o que talvez tenha me ajudado a ver o filme sem todo aquele juízo de valor que a comparação com o livro inevitavelmente traz (talvez eu não tivesse odiado O Caçador de Pipas se eu não tivesse lido o livro; e O Código daVinci... não, esse é um lixo mesmo, eu teria odiado de qualquer jeito). Mas achei o clima surreal meio parecido com o de As Intermitências da Morte, apesar de a força da metáfora ser mais forte.
É uma história de algum lugar (uma cidade? um país? o mundo todo?) em que se instala uma epidemia de cegueira, uma cegueira branca contagiosa e sem cura. Os primeiros afetados são atirados em um hospíco desativado numa quarentena forçada. Acontece que a Esposa do Doutor diz estar cega para acompanhá-lo, e se vê em uma situação quase insustentável conforrme vão chegando mais e mais doentes - e cada vez mais responsabilidades - sendo ela a única a enxergar.
O filme tem um clima bem apocalíptico e não pretende vender uma daquelas histórias de ficção científica com uma explicação sobre de onde veio o agente da "doença branca" ou de uma conspiração do governo para encobrí-la, nada do tipo Eu sou lenda (que, aliás, também conta com Alice Braga no elenco, mas não vamos viajar, esse filme é um verdadeiro lixo), o que talvez seja o que fez com que alguns tenham achado a história do filme ruim. Bem, talvez seja porque nada disso que eu disse sobre a trama seja de fato importante; o filme é uma algoria, e como eu já disse, a história é só um argumento meio surreal pra desenvolvê-la.
Não é um filme leve pra assistir com a mamãe num domingo à tarde. Na verdade, antes de chegar à versão cortada a que podemos assistir no cinema, o diretor Fernando Meirelles disse no blog que manteve sobre [as dificuldades d]a produção do filme que no test screening de fevereiro, 58 mulheres (de 540 pessoas que estavam assistindo) saíram no meio da sessão.
Também não me parece que o filme não prenda ou que a história se perca ao tentar passar para as telas um livro que, em 1995 Saramago disse ser "infilmável". Parece que o mesmo Saramago mudou de idéia ao emocionar-se às lágrimas quando, proibido por seu médico de ir à abertura do Festival de Cannes terminou de ver a cópia que Meirelles levou-lhe em Portugal, três dias depois. E ainda disse ter ficado tão feliz depois de ver o filme quanto ficou depois de ter escrito o livro. Claro que não é suficiente pra dobrar a língua dos críticos por aí - é um filme bem daqueles ame-o ou odeio-o, num estilo meio Dogville.

Fora as ótimas atuações (principalmente da Juliane Moore) e do trabalho primoroso de Meirelles com as cenas (O Jardineiro Fiel e Cidade de Deus são excelentes, mas esse filme é uma obra-prima), o mais impressionte é o quanto o filme é intenso, em como ao ver Ensaio Sobre a Cegueira você vai passar pela maioria das sensações e sentimentos humanos - a desconfiança, o desespero, o ódio, a revolta, a humilhação, o medo, e claro, a esperança, tudo de uma forma rápida e delineada pela trilha sonora, a partir de uma identificação com personagens de quem só se sabe serem o "Doutor", a "Esposa do Doutor", a "Mulher de óculos escuros" ou o "Homem de tapa-olho".

Enfim, amem ou odeiem, mas vão ver esse filme.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Idéias rejeitadas pro GTA





Tirei essas imagens de um concurso nesse site.
E aqui tem os 7 mandamentos que todo jogo de video game deveria obedecer (em inglês), é muito bom!
E falando em videogame, atualmente estou jogando Kingdom Hearts e me divertindo pra caramba. Mas eu queria mesmo era um Wii. Ou até um DS, estou louca pra jogar o remake de FFIV... eu sei que é só o mesmo jogo em versão 3D, mas o jogo é muito bom! =D

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A Polêmica dos Anencéfalos

Como faz tempo que eu não falo de assuntos atuais, vamos falar de um assunto light, que é o aborto de fetos anencéfalos. O tema é tão controverso que até essa primeira frase, aparentemente inocente, pode render horas de discussão. Isso porque, para muitos, não existe vida no anencéfalo, que é considerado uma "morte intra-uterina", e portanto não há aborto (que é definido como a interrupção da gravidez com a morte do produto da concepção), porque não se pode matar o que já está morto.

Bem, mas vamos começar do começo. Anencefalia é uma má-formação do tubo neural em que não há fechamento da porção encefálica, sem formação dos ossos cranianos e de parte do encéfalo, seja só dos hemisférios cerebrais ou também do tronco cerebral, o que caracteriza uma anencefalia total. Entre os recém-nascidos anencéfalos nascem vivos 2 de cada 3 casos. Desses nascidos vivos cerca de 98% morrem ainda na primeira semana. Cerca de 1% sobrevive até 3 meses; existem relatos na literatura científica de crianças que sobreviveram até mais de um ano sem o auxilio de respiração artificial. Claro, tudo isso se você considerar que elas estão vivas.


Estou desenvolvendo esse tema partindo do meu ponto de vista, que acredito que a Medicina e a lei devem proteger a vida em sobreposição aos interesses individuais para quem essa vida poderia ser inconveniente. Claro que não é possível precisar onde começa de fato a vida, mas enquanto a ciência não for capaz de fazê-lo, a evidência de que uma gestação normal levada a termo resulta num indivíduo que, em seu curso normal, se desenvolverá a um cidadão plenamente capaz e funcionante me basta. Já tive muitas opiniões a respeito da legalização do aborto, e gostaria de discutir o assunto em outra oportunidade.

Voltando aos anencéfalos, essas determinações tão controversas a respeito da existência ou não da vida esbarram em conceitos médicos como a "morte clínica" e a "morte cerebral", que são os critérios aceitos, mas ainda muito discutidos, e certamente não aplicáveis a neonatos (o protocolo de morte cerebral nem pode ser aplicado em menores de 7 dias). Então há um certo contra-senso naqueles que, tão apegados em questões semânticas, defendem que o anencéfalo não pode sofrer aborto por não estar vivo, e chamam de "antecipação terapêutica do parto" o ato a ser legalizado.


O advogado que apresentou o caso ao Supremo disse: "A antecipação terapêutica do parto de fetos anencéfalos situa-se no domínio do senso comum e não suscita quaisquer das escolhas morais envolvidas na interrupção voluntária da gravidez viável. Não existe nenhuma proximidade entre nossa pretensão e o chamado aborto eugênico. A antecipação do parto em casos de gravidez de feto anencefálico não caracteriza aborto, como tipificado no Código Penal. No aborto a morte do feto deve ser resultado direto dos meios abortivos, sendo imprescindível tanto a comprovação da relação causal como a potencialidade da vida extra uterina do feto, que não é o que ocorre na antecipação do parto de um feto anencefálico. Não há potencial de vida a ser protegido. Somente o feto com capacidade potencial de ser pessoa pode ser sujeito passivo de um aborto".

Bem eu discordo um pouco dos pontos apresentados. Se não houvesse, de fato, nenhuma implicação moral como no caso da gravidez viável, por que o assunto precisaria ser tão discutido? Porque o "senso-comum" não parece tão comum assim nem entre os juristas, nem entre os médicos, nem entre os religiosos e nem entre a população? Outra coisa: se quando não há potencial de vida a ser protegido não há aborto, eu sinto um frio na barriga que me faz duvidar da outra afirmação do advogado, de que não há proximidade entre essa legalização e o aborto eugênico.

Ora, se definir o que é vivo e morto, o que tem potencial de se tornar uma pessoa, o que caracteriza um ser humano, etc. depende de preceitos freqüentemente mutáveis e adaptáveis à conveniência de quem expressa o ponto de vista, baseados em uma ciência falha, o que me impede de concluir que com o diagnóstico intra-uterino de retardo mental grave, autismo, outras mal-formações ou uma doença crônico-degenerativa (que muitas vezes faz o bebê morrer muito cedo ainda), por exemplo, são incompatíveis com a individuação plena, e o feto nunca vai se tornar um ser humano plenamente capaz, permitindo, assim, o aborto?


Não sei dizer com certeza se os bebês anencéfalos realmente não possuem nenhum tipo de consciência primitiva, pois a neuroplasticidade nesse período é sabidamente extraordinária, mas essencialmente não se sabe quase nada a seu respeito. Ninguém se lembra de como era ser bebê, e muito menos é capas de se colocar no lugar de alguém que tenha só o tronco cerebral e que é capaz, assim, de realizar controle respiratório e vasomotor sem auxílio de aparelhos, o que pra alguns é suficiente pra enxergar vida no seu bebê e até atribuir-lhe expressões ou sentimentos.

Agora é bem mais fácil colocar-se no lugar de uma mãe que já pintou o quarto do bebê, começou a comprar o enxoval e anda espalhando a notícia por aí, contente apesar dos enjôos e tonturas, e que vai toda feliz ao médico fazer um ultra-som e descobre que seu bebê, aquele que já tinha nome, roupinha, brinquedinho e planos sobre se ia gostar de jogar futebol, se ia se médico ou engenheiro, é um anencéfalo que provavelmente vai morrer após algumas horas ou dias após o parto. E agora, como será ter que dar a notícia pra todo mundo, como será ter que olhar para o quartinho da criança e ter a certeza de que ele nunca vai ser capaz de brincar com os brinquedinhos, nem ouvir as musiquinhas, nem crescer pra jogar bola e ralar o joelho, pra fazer birra e não querer a comida? Como será deixar de sonhar com o rostinho dele pra começar a ter pesadelos com o dia de comprar o caixãozonho?

Será que é justo obrigá-la a passar por tudo isso por mais 6 meses, até a gestação chegar a termo? Grande parte das grávidas de anencéfalos que entram na justiça para tentar realizar o aborto consegue. Não é difícil concluir que o sofrimento deve ser muito e que o apelo da mãe é justo, desobrigando-a a levar a gravidez adiante. Mas outro ponto de vista interessante é o de um professor de bioética da USP, Dalton Luiz de Paula Ramos, que diz que o dramático nunca pode ser solucionado com o trágico, pois do dramático é possível tirar algum sentido de positividade (como o caso da mãe da menina Marcela, que viveu 1 ano e seis meses), mas do trágico não é possível tirar nada, pois só há destruição (leia o texto dele aqui).

Também é ilusório acreditar que depois do aborto a mulher vai sair aliviada e que o sofrimento terá tido fim, de que é um ato simples e, como afirmado no supremo, respaldado pelo senso comum e pela isenção da moral. Acho que o instinto materno fala mais alto que o de auto-preservação em muitas mulheres, e o fato de levar a gestação a termo, mesmo o recém-nascido morrendo em algumas horas, pode deixar a sensação de dever cumprido e de que tudo o que ela podia fazer foi feito, levando a um alívio talvez maior. Em ambos os casos há sofrimento e deve haver acompanhamento psicológico familiar, tanto antes quanto depois de tomada a decisão.

Tenho minhas dúvidas quanto à legalização, mas acho que de certa forma ela já existe na prática, sendo válido, portanto, que essa legitimação possa acelerar o processo a fim de evitar maiores sofrimentos. Acho injusto que os juristas ou os religiosos vetem uma decisão tão trágica em momentos de tanto desespero para os pais e a família, mas continuo defendendo que deva haver acompanhamento psicológico e aconselhamento ANTES e depois, para dar suporte e ajudar a nortear a decisão.


Agora a questão semântica já colocada me incomoda até mais que a questão moral. Dêem uma olhada nesse site que coloca um ponto de vista jurídico que tem como base essa questão de que o anencéfalo não é vivo e portanto não pode haver aborto. Essa coisa de "antecipação terapêutica do parto" prescinde de algumas definições que a limitação técnico-científica nos impede de dar. Tem o risco de abrir precedentes, como eu já expliquei, para abortos eugênicos. E ainda pode levar à preconização de um ato cuja decisão deveria caber somente aos pais para o outro lado - ou seja, se a antecipação do parto é terapêutica, devemos tratar essa mãe que padece da gravidez de um feto morto, sendo essa determinação quase que absoluta e a informação dos pais de anencéfalos feitas dessa forma baseada nas determinações legais vigentes, levando ainda a um aumento do preconceito no caso de pais que resolverem levar, afinal, a gestação adiante (que hoje já são taxados de egoístas, por exemplo).

Tenho um certo receio à legalização das coisas que acabam sendo aderidas, aí sim, ao senso comum, não havendo mais o porquê de discutí-las, como é o caso da inseminação artificial, por exemplo: se eu digo que sou contra a terapêutica com células-tronco embrionárias, ou contra o aborto, tudo bem, é o que todo mundo está discutindo por aí; agora se eu digo que sou contra a inseminação artificial, todo mundo acha que eu sou maluca, que isso não tem por que ser discutido, e isso é um fato, e em outro post eu falo do assunto, mesmo porque esse aqui deve ser o recordista de tamanho até agora.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

44 razões porque eu NÃO vou na Intermed

1. Pra assistir sessão da tarde
2. Pra acordar meio-dia
3. Porque eu adoro a comida da minha mãe
4. Porque eu preciso estudar hemato
5. Porque eu não quero que meu carro seja riscado
6. Porque o truco não está entre as competições
7. Porque eu gosto de tomar banho todo dia
8. Pra ir ao cinema nos dias mais baratos
9. Pra terminar aquele jogo de videogame
10. Pra ver desenho de manhã
11. Pra viajar pra lugares melhores que Araraquara
12. Pra poder ficar vadiando o dia inteiro
13. Pra tirar o atraso com o(a) namorado(a)
14. Porque eu sou da 44 e não do caos
15. Porque eu não to a fim de levar tijolada
16. Porque eu não vejo graça em trote
17. Porque eu tenho que fazer minha IC
18. Porque eu não quero ser tema da aula de ética
19. Porque eu não gosto de violência
20. Porque prefiro conversar com pessoas sóbrias
21. Porque prefiro gente cheirosa
22. Porque esse negócio de calouro enche o saco
23. Porque não agüento mais ouvir os hinos da atlética
24. Porque não agüento mais a atlética
25. Porque a minha cama é bem melhor que um colchonete
26. Porque eu não preciso de ninguém pra proteger nossas mulheres
27. Pra não ter que ver pessoas vomitando
28. Porque não tenho nada contra alguém que esta fazendo outra faculdade
29. Porque sou sedentário mesmo
30. Porque quero continuar vivo e sem mutilações ate o fim da faculdade
31. Porque fico de mau humor se alguém me acorda gritando
32. Porque tenho espírito esportivo
33. Porque eu não quero ser molestada(o)
34. Porque não gosto de gente gritando comigo
35. Porque eu prefiro beber Kisuco da minha avó do que Vodka Balalaika ou Jurupinga falsificada só pra ficar doidão
36. Porque não quero fazer cirurgia/ortopedia, então foda-se a patética!
37. Porque eu não comi cogumelo
38. Pra ficar uma semana sem ouvir o povo se sentindo
39. Porque eu nunca renovei a carteirinha da atlética(e nem paguei a do primeiro ano ainda)
40. Porque eu prefiro viajar de Cometão do que de Terrorzão
41. Porque quando eu crescer eu não quero ser igual à Eskoria, Tropa de Elite, Delecious ou qualquer coisa do tipo.
42. Porque eu sou Med Unicamp, e não Med Campinas
43. Porque se for para passar calor fico em Campinas mesmo
44. Porque esse negócio de CAOS já encheu o SACO

Essa é uma resposta bem-humorada à camiseta da Intermed 2008 da Turma 44 de Medicina da Unicamp. A camiseta original, obviamente, continha as 44 razões para ir à Intermed, e ao pedir ajuda dos meus amigos pra escrever esse outro ponto de vista, mesmo pouca gente respondendo, sobraram motivos e eu tive até que apagar alguns pra deixar só 44. Valeu a ajuda, galera!!
E divirta-se.
Se você se sentir ofendido de alguma forma pelo conteúdo dessa página... foda-se.

Ah, e não esqueçamos alguns dos ítens obrigatórios na sua mala caso você ignores todas essas razões e resolva ir à intermed mesmo assim: