sábado, 25 de outubro de 2008

Ciência

"Acho que sempre vai haver uma
lacuna entre ciência e tecnologia."


É engraçado como parece que estamos vivendo todos na Idade Média de novo, só que dessa vez não é a Igreja que está mandando na parada, e sim a "Ciência". Não, a comparação não é bem essa; acho que a ciência é mais comparável com o Deus moderno, com um monte de igrejas diferentes espalhadas por aí.
Cada dia que passa ouço mais gente acreditando ou duvidando de coisas, defendendo ou negando-as só porque "dá (ou não) pra comprovar cientificamente".
Um exemplo bom e que é do meu dia-a-dia é o da homeopatia. "Ah, eu não acredito em homeopatia" é uma frase bem comum de ser ouvida no meio médico e acadêmico, e uma coisa que o professor da Liga de Homeopatia sempre disse é: "A homeopatia é reconhecida como especialidade médica desde 1979. Eu não entendo nada de Dermatologia, acho super complicado e não saio dizendo por aí que eu não acredito em Dermatologia". E ninguém sai, o que acontece com a Homeopatia e a Acupuntura tem uma boa dose de preconceito.
A Homeopatia é um bom exemplo porque é uma racionalidade médica completamente diferente, e os princípios terapêuticos não têm quase nada em comum com a alopatia. Ninguém consegue explicar como diabos ela funciona, simplesmente porque, pra quem não sabe, as diluições homeopáticas superam 10 elevado a 24 vezes, o que quer dizer (lembra do número de Avogrado, da época do cursinho??) que já não tem fisicamente nenhuma molécula ali. A explicação é que há energia proveniente da molécula que fica na chamada "memória da água", e a grande esperança dos entusiastas teóricos da Homeopatia é que a Física Quântica venha a elucidar como isso realmente funciona. Mas acontece é que funciona.
E vários estudos com duplo cego (quando um grupo toma placebo e outro grupo toma o medicamento, e nem quem está tomando nem os pesquisadores que fazem a coleta de dados sabem quem está tomando o que) comprovam uma eficácia maior do medicamento em relação ao placebo.
Bem, apesar de já ter falado bastante, não é minha intenção aqui entrar no mérito da homeopatia especificamente, mas sim exemplificar como a ciência está se transformando num dogma.
E pra onde essa ciência está caminhando?
Qual a utilidade das coisas que estão sendo descobertas e do que se pretende produzir?
Dizem que o conhecimento científico dobra a cada x anos, sendo que x decresce exponencialmente; no momento em que estamos, o conhecimento científico dobraria a cada 1 ano ou menos - o que não é surpresa pra qualquer um que venha a procurar um tema ou um artigo em qualquer banco de dados por aí; mas qual a significância desses trabalhos? Qual foi a última descoberta REALMENTE relevante da ciência?
"O que você esperava, se 90% de todos os
cientistas que já existiram estão vivos hoje?"


Será que, a exemplo da religião, novamente, já passamos pelo período de milagres e profetas freqüentes e agora estamos naquele em que debruça-se sobre velhas teorias e tudo o que se consegue tirar de novo vem de objetivos ou fontes duvidosos?
Justamente comecei a escrever esse post há algum tempo, na época em que tinham acabado de ligar o bendito acelerador de partículas, e resolvi terminá-lo agora, que pretendo escrever uma série de posts sobre ciência, depois que tive uma aula de ética sobre a indústria farmacêutica.
Realmente me preocupa o rumo que estamos tomando e a falta de crítica da maioria das pessoas em relação ao que é ciência. Onde acaba a ciência e começa a política, os interesses financeiros, a religião, e a própria humanidade?
É um pouco do que será discutido nos próximos posts! Aguardem... =)

- Consegui - descobri a partícula mais básica de todas!
- Descobri a partícula que compõe a partícula mais básica!
- Eu descobri a partícula de que são feitas as partículas que...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mangá com a sua cara

Olha eu aí!
Pra vocês que estão sem nada pra fazer, ou que, como eu, estão com muita coisa pra fazer mas preferem perder tempo com inutilidades na internet, vai aí a dica: Nesse site, dá pra criar, rápido e fácil, o seu avatar em estilo mangá.

Minha irmã

Meu namorado

O resultado pode ficar bem parecido, bonitinho, ou engraçado. Tem poucas ferramentas: no máximo dá pra colocar as sobrancelhas, o nariz ou a boca mais pra cima ou mais pra baixo em um dos modelos pré-estabelecidos de formato de rosto. Mas de qualquer forma, é simples e divertido. =)
Esse aí não é ninguém que eu conheço,
mas ficou bem legal!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Comunicação

Engraçado, esses dias, logo depois de eu ter resolvido escrever esse post, recebi um e-mail de um amigo com o link de um blog com diversas placas engraçadas, bizarras ou incompreensíveis.
Queria escrever sobre isso não só por causa das interpretações muito cômicas que se pode dar às placas, como essas que colquei aqui, mas porque eu nunca tinha parado pra pensar no potencial efeito desastroso de uma coisa dessas.

Há umas duas semanas eu tive uma aula sobre anomalias congênitas, e a professora comentou sobre a Talidomida. Pra quem não conhece, foi um medicamento ótimo que entrou no mercado em 1957 como sedativo e hipnótico, quase sem efeitos colaterais. O problema é que alguns anos depois, desocbriu-se o potencial teratogênico dessa medicação quando começaram a aparecer os casos da chamada "geração talidomida" - crianças que nasciam com mal-formações dos braços e pernas, chamadas conjuntamente de focomielia.
Depois do alarde pelas mais de 10 mil crianças afetadas, a droga foi temporariamente retirada do mercado, mas depois voltou com restrições, afinal há muitas drogas teratogênicas, e como foram evidenciados muitos benefícios de seu uso em doenças como a hanseníase, é só controlar o medicamento e não deixar que grávidas o utilizem, além de alertar as mulheres em uso sobre os riscos de engravidar, certo?
Bem, nem tão certo.

Acontece que em algumas cidades começaram a ocorrer casos de focomielia bastante tempo depois de o uso do medicamento ser controlado. O que aconteceu? Ora, para deixar bem claro que grávidas não deveriam fazer uso de talidomida, algum GÊNIO resolveu colocar um símbolo de "proibido" em cima da silhueta de uma mulher grávida na caixa do remédio e nas cápsulas, indicando obviamente, pra ele e pra nós, que agora já sabemos a merda que dá quando a grávida toma, que tais mulheres não podiam fazer uso da droga.



Acontece que não foi exatamente essa a interpretação das pessoas que acabaram desavisadamente tendo filhos mal-formados.
Alguém imagina o que pessoas que nunca ouviram falar na talidomida e nos bebezinhos mal-formados pensaram que era quando viram o tal do símbolo?
Isso mesmo, Anti-concepcional.
Não era óbvio?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Censura, o retorno

Como eu escrevi sobre classificação etária e censura ultimamente, vou pegar o embalo e escrever de novo. Os principais parâmetros do Ministério da Justiça (e dos pais) na hora de definir a faixa etária que um filme vai receber são o conteúdo de cenas de violência e sexo. Engraçado, uma vez eu li um texto (não lembro de quem) que falava mais ou menos assim:

Uma família está sentada no sofá da sala assistindo a um filme. Então aparece uma cena em que um casal troca carícias na cama e eles resolvem usar o travesseiro para, digamos, proporcionar mais prazer na relação. O pai, constrangido muda de canal enquanto a mãe solta olhares de reprovação. No canal seguinte, em um filme de ação, um homem sufoca outro usando um travesseiro, e depois de matá-lo foge. Bem melhor, e agora e a família segue assistindo ao filme sem maiores problemas.

A violência e o sexo são muitas vezes equiparáveis em termos de apelo, inclusive por parte da produtora que quer vender um filme. Mas o sexo parece ter um impacto muito maior na hora de despertar a censura e as restrições em relação aos filhos. Ou seja, um travesseiro usado para matar alguém é muito mais aceitável do que o uso do objeto para dar prazer. Os pais surtam na hora em que aparecem aquelas cenas do mocinho com a mocinha que ultrapassam a clássica filmagem de uns beijinhos, a cortina, e eles acordando no dia seguinte, mas vamos juntar a família na sala pra ver o novo Jogos Mortais.
Dessa vez não vou escrever 5 páginas de texto, mesmo porque ainda vou voltar a esse tema, que me interessa bastante, de algumas outras formas.
Mas deixo aí de exemplo uma cena de Dragon Ball que, entre muitas outras, foi cortada no Brasil e nos EUA, e logo depois uma cena de Dragon Ball Z que passou na TV aberta, 10h30 da manhã, sem nenhum problema. Talvez pelo fato de não estarmos muito acostumados com referências sexuais em desenhos animados no ocidente, isso deve chocar um pouco os pais.
Eu sinceramente não acho que preferiria meus filhos assistindo e dando risada com a segunda cena mais que com a primeira, e quem acha, por favor, deve estar precisando de uma terapia...




terça-feira, 7 de outubro de 2008

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais!

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Oswald de Andrade
(1890-1954)


Essa que vai entrar em vigor ano que vem não é a primeira reforma ortográfica pela qual o Brasil passa. Para os puristas que se apegam tanto a alguns detalhes como o trema, como se saber utilizá-lo reiterasse sua superioridade intelectual, eu digo para que escrevam flôr e pharmácia, oras. Não adianta ficar reclamando, o que está feito está feito, resta se acostumar com a nova grafia e com o fato de não poder mais encher o saco das pessoas que esquecem do trema.
Bom, mas se não é pra reclamar, o que eu estou fazendo aqui? Ahn, é, tá bom, vou reclamar só um pouquinho, mas não vou reclamar das mudanças propriamente ditas, as quais eu resumo no que é mais importante no final do post e estão na íntegra na nossa amada Wikipédia (que agora ser escrita com w e k sem problemas). Mesmo porque eu não conseguiria reclamar com a beleza que Teixeira de Pascoales reclamou da reforma de 1911:

"Na palavra
lagryma, (...) a forma da y é lacrymal; estabelece (...) a harmonia entre a sua expressão gráfica ou plástica e a sua expressão psicológica; substituindo-lhe o y pelo i é ofender as regras da Estética. Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mistério... Escrevê-la com i latino é fechar a boca do abysmo, é transformá-lo numa superfície banal."

Essa reforma de agora visa a unificação do português, a 5ª língua mais falada do mundo, para que as regras ortográficas não demandem diferentes edições e impressões nos 8 países falantes da língua, o que teoricamente vai ajudá-la a ter maior expressividade no campo internacional. Aham. É só trocar 0,45% da ortografia das palavras brasileiras e 1,6% das portuguesas e a língua portuguesa passará a ser respeitada e considerada na ONU, e, como diz o meu namorado, as compras vão pular dentro do carrinho. Problema resolvido.
Será que alguém realmente tem alguma dúvida da hegemonia do inglês? Fizeram o Esperanto, uma língua inteirinha, pra unificar a ortografia, a gramática e o vocabulário do mundo inteiro mas o inglês está lá, firme e forte, o que é óbvio, dada a influência que acaba sendo exercida no resto do mundo - até alguém traduzir o nome de uma nova invenção, por exemplo, ela continua com o nome original (pelo menos aqui no Brasil ninguém deve estar usando o rato para rolar este texto).

O outro argumento que andam dando pra fazer essa reforma é que haveria redução dos gastos com edições e impressões de materiais gráficos. Mais uma bobegem; será que é preciso ser um génio para conseguir entender um texto em português de Portugal só pelo facto de escrevermos com algumas discordanciazinhas? Ou seja, se não há prejuízo do entendimento (é só ver quantos livros no mais puro vernáculo lusitano foram vendidos por Saramago na terra verde e amarela), tanto faz o jeito que eles imprimem.

Finalmente, dizem que a reforma vai unificar o ensino da Língua Portuguesa no mundo. Claro, é só ver como num país em que todo mundo supostamente escreve igual, como o Brasil, a unificação do ensino da língua é uma realidade; se não fosse, certamente veríamos um monte de analfabetos funcionais saindo da 8ª série e a nota desses alunos no IDEB não seria de fantásticos 3,8 pontos! Uhu, quase 40% de aproveitamento, hein?!

Quero ver quem unifica isso...

Acho que uma boa parte desses pseudo-problemas podia ser resolvida mais facilmente se todas essas questões que geram discordâncias fossem de grafia facultativa. Por que não deixar o coitado do cara escrever o abysmo que me parece tão mais poético agora, com y? Por que obrigar alguém a tirar o trema da sua linguiça se ela perde um tanto do seu gostinho? Claro, porque os puristas sempre estão lá. São milhares de tias marocas escondidas por aí que acham que pra existir o certo, tem que ter o errado, e que isso é ortografia, que isso é a nossa Língua Portuguesa.
Eu acho, por outro lado, que a língua deve ser, e freqüentemente, reformada. Isso porque a língua precisa disso para estar viva. Ninguém precisa unificar o latim, ele está lá, perfeito e puro, vamos estudar latim! A língua falada e escrita é modificada todo dia pela fala, pelo uso. Qualquer outra natureza dessas modificações é uma aberração, um mecanismo antinatural da linguagem.
Aliás, pra terminar o post antes de colocar as mudanças da reforma, queria voltar no poema do Oswald de Andrade do começo, que se chama Pronominais. Acho que deviam deixar o hífen e os acentos quietinhos e reformar é a colocação pronominal! Que brasileiro sabe usar próclise, ênclise e mesóclise no lugar certo, afinal??


Principais alterações feitas pela reforma ortográfica de 1990:
1. Trema, só em nomes próprios;
2. Hífen não será mais usado:
- quando 2ª palavra começar com s ou r (antissemita, contrarregra)
*exceto quando o prefixo termina em r (inter-, super-, hiper-)
- quando sufixo termina com vogal e 2ª palavra começa com vogal diferente (autoescola)
*por essa regra, o hífen passará a ser usado em palavras como micro-ondas e arqui-inimigo.
3. Não se usará mais acento circunflexo:
- na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do sujuntivo dos verbos: crer, dar, ler e ver.
- nas palavras terminadas em hiatos com dois os. (enjoo, voo)
4. Não se usará mais acento agudo:
- nnos ditongos abertos ei e oi de palavras paroxítonas (ideia, heroica)
- nas paroxítonas com e e u tônicos quando precedidas de ditongo (feiura)
- nos verbos com u tônico depois de q ou g ou antes de e ou i (averigue, apazigue, arguem)
5. Não se usará mais acento diferencial (para, pela, pelo, polo, pera)
6. 26 letras no alfabeto.

No português de Portugal, a mudança alterará bem mais palavras, como o h que deixará de existir em húmido ou herva e as consoantes mudas de palavras como acto e óptimo (passam a ser escritas como no Brasil: úmido, erva, ato e ótimo).

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Surreal

Bem, eu queria muito escrever aqui sobre dois temas que estão me encafifando ultimamente, mas tenho prova amanhã e é praticamente impossível, então semana que vem eu escrevo.
Então, como quando eu tenho prova faço de tudo pra enrolar e não começar a estudar logo (estou com a apostila de eletrocardiograma bem na minha frente), estava vendo vídeos no youtube e resolvi colocar um aqui, só pra essa semana não passar em branco. Claro que acabei de gastar mais de meia-hora lendo tirinhas do Calvin sob o pretexto de procurar uma que eu tinha lido há algum tempo e queria colocar nesse post.
Agora chega de enrolar, né?


Com esse vídeo (e, de certa forma, com esse blog todo), tenho a intenção de, como o Calvin, deixar a vida das pessoas um pouco mais surreal...



É isso, e agora eu vou estudar que amanhã tem que tirar 7 na prova!!

PS: Cliquem na tirinha pra ver maior, eu sei que assim é ruim de ler.
Aliás, a tradução do texto da tirinha é:
- Oi, aqui é o Calvin! Eu queria uma pizza grande de anchova!
- Hã? Eu...
-Oh, desculpe, você deve ter ligado errado. Tchau.
- Eu tento fazer com que o dia de todos seja um pouco mais surreal.