terça-feira, 29 de julho de 2008

Trânsito em São Paulo (ok, o título é um pleonasmo)

Com a proximidade da volta às aulas, a perspectiva de voltar de Campinas às sextas de noite, pegando a Marginal Tietê todinha, de lá da Anhangüera até a Dutra, o velho problema do trânsito em São Paulo volta a me incomodar.
A diferença no trânsito agora e há 3 ou 4 anos atrás é assustadora! A margem dos horários de pico parece ter aumentado bastante na Marginal: antes acho que era mais ou menos das 6h às 9h, por volta do 12h e das 17h às 20h; agora é tipo... das 6h às 23h, initerruptamente.
O número de carros nas ruas aumentou e ainda está aumentando muito. Imagino que daqui a uns 5 anos, vai ser virtualmente impossível andar de carro em São Paulo.
Acho que daqui a um tempo várias medidas que parecem impensáveis hoje acabarão tendo que acontecer, como limitar o número de carros por família (por exemplo, permitindo no máximo um caro pra cada 2 ou 3 pessoas; se você quisesse comprar outro carro, teria que provar a impossibilidade de ir com outro membro da família ou por outro meio de transporte) ou ampliar o rodízio para carros pares e ímpares, ou até de forma mais radical, como se está pensando em fazer em Pequim durante as Olimpíadas: segunda-feira só rodam os carros de placa 0 e 1; terça, só 2 e 3; e assim por diante.
O problema é que, em muitos casos, o carro acaba sendo uma libertação de um martírio diário, que é acordar mais cedo, andar até o ponto, esperar por um ônibus invariavelmente lotado até o metrô, empurrar-se pra dentro do trem (depois de deixar passar uma meia dúzia de metrôs, se você pega a linha vermelha), esgueirar-se pra porta pelo menos duas estações antes - senão não consegue descer - e andar até o trabalho/faculdade (se não tiver que encarar outro busão antes - viva o bilhete único!), onde você já chega suado, cansado e de mau-humor, possivelmente acometido por um daqueles benditos cujo desodorante venceu há milênios (principalmente se você pega a linha vermelha!). Estou deixando de fora aqui o pobre proletário que pega TREM pra sair de casa, porque esse é guerreiro mesmo, enfiando-se em vagões mais lotados e com mais gente fedida que a nossa já difamada linha 3, já que não pode esperar o próximo trem, que só vai passar dali a uns 15min. Mas pelo menos ele pode comprar uma variedade muito maior de ítens dos ambulantes, que para os usuários do metrô praticamente se resumem a balas e chicletes, mas na CPTM já evoluiu pra bolacha, salgadinho, alface, livrinhos pra colorir e televisores de 14".

Ok, acho que está explicado porque, a não ser que você seja masoquista ou molestador e encontre nas situações acima uma oportunidade fantástica, ou simplesmente não tiver grana pra ter um carro e arcar com suas despesas, todo mundo prefere ir aos lugares de carro.
Provavelmente isso não seria tão acentuado, evidentemente, se a situação do transporte público melhorasse, colocando mais ônibus nas linhas, principalmente em horário de pico, mais corredores de ônibus, mais estações de metrô (quem sabe a linha amarela não ajuda um pouco?). Porque realmente, se não fosse um inferno usar transporte público todo dia, como de fato é dependendo do itinerário, quem não preferiria gastar os R$5,00 de ida e volta (uhu, bilhete único! ) a gastar isso com estacionamento (se você conhecer um muito barato), fora a gasolina, o estresse de ir dirigindo, IPVA e seguro?
Enquanto esperamos que melhorem o transporte público (o Maluf disse que na época dele o trânsito não era assim, e que se ele fosse eleito, ia resolver o problema), algumas outras iniciativas podem ser tomadas, como dar e pegar carona, o que é uma solução vantajosa pro motorista (se cobrar dos amiguinhos o valor do ônibus, ou a gasolina dividida por todo mundo) e pro carona, que escapa do busão lotado.
Alguns incentivos ajudam nesse caso, como as faixas exclusivas pra carros com mais de duas pessoas (o que eu acho genial) e a criação de grupos de e-mails ou sites de empresas, faculdades ou mesmo bairros com o intuito de colocar em contato pessoas que compartilham o mesmo itinerário e não sabem(como é o caso do site Caronas Unicamp, que já foi super elogiado em tudo quanto é jornal).


Enquanto isso, continuo dando graças por estudar e morar, durante a semana, em Campinas, a 10min à pé da faculdade, e por só encarar esse trânsito todo na sexta, na hora de voltar pra casa.
Aliás, eu levo 1h20 de carro e 3h de ônibus de casa até a Unicamp. Se eu estudasse na USP, aposto que levaria a mesma coisa, isso se não tivesse, claro, nenhum acidente no caminho!

Um comentário:

Douglas Neves disse...

huahuahua, sorte que eu venho a pé para o trabalho, demoro exatos 20 minutos todos os dias, não importa o trânsito :)
Conheço gente que mora mais perto do que eu e vem de carro... acho que as pessoas não param para pensar no assunto, acham que "se tem carro tem que usar".
Onde eu morava antes eu vinha de ônibus, e era bem curioso: levava cerca de 12min para vir, e de 1 a 2hs para voltar. Isso se eu quisesse voltar às 6hs. Se eu voltasse umas 8hs da noite, dai tudo bem, 15min estava em casa.
O maior problema das 6hs era o "ponto da Paulista". Por alguma razão as pessoas que chegavam naquele ponto queriam entrar no PRIMEIRO ônibus que aparecesse, e ficavam assim segurando o ônibus um tempão. E o "suporte", aqueles caras que ficam tentando organizar o ponto, ficava lá falando "um passinho para esquerda por favor".
Enfim.. andar de carro deve ser mais um "vírus mental", não faz sentido você ter um carro grande, de 5 lugares, e ir sempre sozinho pro trabalho. Se o mundo fosse um lugar sério já existiriam (e seriam muito populares) os carros de um lugar. E eu não estou falando de motos... também é estranho quem usa moto em uma cidade grande...